terça-feira, 19 de março de 2013


LIRA
 

Na lira dos meus cantares passeiam compassos de tempo.Passam com pressa

Ligeiros. Deixando soltos dispersos,uns prantos ou lamentos,alguns risos,

quimeras.Cantares de mim noutras eras, noutros idos deslembrados,quando

menina vivia de azuis, mocinha sonhava com reis e castelos, crescida sorvia

inteira  a luz que me emoldura. Lambia o sol quentando areias,cheirava

salinas e mar. Amava  a  chuva  salobra   charcando    braços   e    pernas,

lacrimejando  meu rosto, umidecendo a boca.

Meus cantares são memória  de vestidos, renda belga, meias de seda, altos saltos,

Festas, bailes, rodopios, olhares de puro feitiço,  amores inconseqüentes.

Foi ontem?

Não sei, não lembro
Faz tanto tempo

Nenhum comentário:

Postar um comentário