quarta-feira, 26 de junho de 2013

TRIBUNA LIVRE

               SANTA    TERESA
                                                                   

E chega a tarde vestindo amarelos,
reverberando sóis no chicabon da menina,
no pipoqueiro do Largo,
nas calçadas turvas.
no cão vagabundo farejando lixo.

Vem a  tardinha  meio  mansa,
escorregando mole no branco pardo das paredes,
espichando sombras longas
nos cantos tortos,
nas curvas quebradas das esquinas.

A velha espia  no tempo a  hora vadia,
cabeça vazia ouvindo pássaros loucos
cantando pios , buscando ninhos,
Vigia o retrato azul da Madona pintada
sorrindo na boca,
nos olhos não

Carece colher uns risos em becos estreitos,
pobres poucos , dentre tantos,
d’outros tempos , d’outros dias.
Os que ficaram.
Nada mais.

Uns risos frouxos na boca antiga,
vincos amargos  na pele  madura,
um retrato , lembranças,
alguns prantos , nem tantos.
Coisa pouca

Nesses verdes,
nesses longes,
pernas exaustas sobem ladeiras,
olhos cansados de muito esperar,
cabelos que alvejam cruéis.
Mãos fraquejadas de tempo

A velha precisa encontrar seus traçados
tortusos, torturados.
Aqueles todos perdidos,
esquecidos algum dia.
Quando ?
Onde?

Santa Teresa , qualquer Teresa.
Teresinha , Teresa  D’Avila,
mesmo de Calcutá.
Qualquer Teresa que seja.
Desde que santa , desde que boa.

Santa Teresa do Rio.                                              

                                                       Clair de Mattos

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