sábado, 24 de agosto de 2013
TRIBUNA LIVRE
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Alaúde sobre a mesa:
ninguém o toca senão o vento.
Vem, mão sensível
e vivo o tornarás sobre o veludo
entre violetas.
Anseia a alma vibrar no corpo liso
polido
do alaúde
atenta à partitura
de música e mundo.
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Eu - Ariana - gosto
de teu modo de perscrutar faces.
Posso confundir-te com um arbusto
mas és forte Teseu. Decifrarás
ângulos dúbios meandros
por intrincados que sejam
e a luz entrará cedo no sótão
antes que o sol ofusque os espelhos.
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Poesia é correspondência entre o Belo e as palavras, por si e em si, venustas.
Dora Ferreira da Silva compõe, em dádivas de beleza, a dicção do vocábulo e da prolação da música, ambos formidáveis.
Não me destruas Poema
enquanto ergo
a estrutura do teu corpo
e as lápides do mundo morto.
Não me lapidem pedras
se entro na tumba do passado
ou na palavra-larva.
Não caias sobre mim que te ergo
ferindo pedras duras
pedindo o não-perdido
do que se foi. E tento conformar-te
à forma do buscado.
Não me tentes Palavra
além do que serás
num horizonte de Vésperas.
É Dora Ferreira da Silva uma escritora de grandeza, capaz de expressar metáforas espantosas, que colocam o seu nome em destaque nos rumos de nossa moderníssima Literatura.
Nossa linguagem: o dicionário-primavera
vocábulos de rosas.
Antes tua força
minha fragilidade:
Deméter a Mãe e
Perséfone filha-andarilha.
Com rosas toquei teu coração
amplo e vegetal. Ai dor da separação
embora temporária. A semente de novo brota
floresce; falam as rosas mas
ficas fora no mundo e eu dentro
junto ao esposo iracundo. Seis meses ou quantos
dias e noites presa no alçapão? De novo Menina
em obscura gestação que adia a maturidade
retém no mito. Que aflita saudade
de dois reinos sempre me exilando? Até quando?
As rosas falam Mãe e ouviste sua canção eterna.
Me abraçaste aceitando o que não compreendias:
minha noite meu dia
o amor interrompido o sentido e
o não- sentido de um repartido coração.
Dora Ferreira da Silva
Poema enviado por DIEGO MENDES SOUSA
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