quarta-feira, 23 de outubro de 2013

TRIBUNA LIVRE


VAGA



A vagabunda vaga
imunda
trapo de gente
olhos vazados, cegos
andrajos

A boca decai molenga
balbucio insano
trejeitos frouxos no andar
a vagabunda suja vaga

Ela vaga, vaga
vigia a noite infinita
na vigília dos insones
bêbados de pinga e solidão
náufragos deslembrados
deixados  em porto nenhum

Um dia foi princesa
depois, dama e rainha
um dia perdeu seu bastão
perdeu seu trono e seu véu
tudo se foi num repente

Restou pobre, triste e velha
sozinha, ela e suas chagas
vagando assim meio louca
sem partir,nem chegar
largando trapos ao léu

A vagabunda vaga
 
                                                 Clair de Mattos

 

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