VAGA
A
vagabunda vaga
imundatrapo de gente
olhos vazados, cegos
andrajos
A
boca decai molenga
balbucio
insanotrejeitos frouxos no andar
a vagabunda suja vaga
Ela
vaga, vaga
vigia
a noite infinitana vigília dos insones
bêbados de pinga e solidão
náufragos deslembrados
deixados em porto nenhum
Um
dia foi princesa
depois,
dama e rainhaum dia perdeu seu bastão
perdeu seu trono e seu véu
tudo se foi num repente
Restou pobre, triste e velha
sozinha, ela e suas chagas
vagando assim meio louca
sem partir,nem chegar
largando trapos ao léu
A
vagabunda vaga
Clair de Mattos
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